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Como responder a comentários inconvenientes sobre seu corpo

Atualizado: 21 de jan. de 2022


“Nossa, como você emagreceu”

“Você engordou um pouquinho, não?”

“Tá mais cheinha” Tá mais “fortinha”!

“Come só um pedacinho, tá tão gostoso”

“Pára de frescura, comeu carne a vida inteira”

“Sempre gostou desse doce, não quer comer por que”?

“Mas você já é magrinha, pode comer a vontade”

“Intolerância a lactose é frescura”

“E os namoradinhos?”

“Vai casar quando?”

“E os filhos, quando vêm?”


Pode ser que para você este tipo de interação seja comum: especulações, intromissões, opiniões não solicitadas.


Acho que você já sabe que isso provavelmente não irá mudar e talvez quem tenha que mudar seja você: aprender a não se afetar com essas invasões e a se comunicar de uma maneira assertiva e que você não seja agressiva(o) - porque você pode não ter o resultado que espera com isso - e que não se sinta culpada(o).

Ficamos com medo de sermos grosseiras e com isso, optamos pelo silêncio. Mas às vezes as palavras não ditas ficam remoendo dentro de nós e nos causam danos.


Primeiramente, gostaria de te dizer que o que outro fala sobre você diz mais sobre ele do que sobre você mesma! Sim, todas as vezes que abrimos nossa boca para criticar ou julgar alguém estamos falando de nós mesmos. Afinal, se o outro nos incomoda, precisamos olhar para isso, certo? Ou vamos querer que o outro mude para nos agradar?


Isso faz sentido para você?


Agora vamos para a maneira de comunicação que pode te ajudar. Existe uma técnica chamada Comunicação Não Violenta (CNV), que ajuda a aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.


O primeiro componente da CNV é observar sem avaliar e o segundo é expressar como nos sentimos. E isso pode ser difícil para muitos de nós. Usamos palavras para rotularmos os outros ao invés de descrevermos nosso estado emocional quando vamos nos expressar. Em seguida, reconhecer as necessidades que estão por trás de nossos sentimentos e, só após isso, poderemos pedir aquilo que queremos e ter chances de ter melhores resultados.


Passo 1- Observação


Primeiro precisamos separar observação de avaliação. Quando combinamos observações com avaliações, os outros tendem a receber isso como crítica e resistir ao que dizemos.


As observações devem ser feitas de modo específico, para um tempo e um contexto determinado. Por exemplo, para a frase: “ Come só um pedacinho, tá tão gostoso”, você pode ficar sem graça de dizer não, certo? Talvez você sinta raiva da pessoa, pois com frequência está fazendo isso com você (te forçando a comer o que você não quer). Em vez de dizer: “Que saco, você está sempre me forçando a comer o que eu não quero”, você pode dizer: “ Percebi que das últimas vezes que nos encontramos, você quer que eu coma além da minha saciedade, apesar de eu dizer que já estou satisfeita”.


Passo 2- Identificando e expressando sentimentos


Desenvolver um vocabulário de sentimentos que nos permita nomear ou identificar de forma clara e específica nossas emoções nos conecta mais facilmente uns com os outros. Ao nos permitirmos ser vulneráveis por expressarmos nossos sentimentos, ajudamos a resolver conflitos. No exemplo da situação acima, acrescentar que você se sente incomodada, ou triste ou com raiva da invasão, porque (você pode dar detalhes de como você se sente), pode ajudar a resolver esse conflito definitivamente.


Passo 3- Reconhecer as necessidades que estão por trás de nossos sentimentos.


O que os outros dizem e fazem pode ser o estímulo, mas nunca a causa de nossos sentimentos. Quando alguém se comunica de forma negativa, temos quatro opções de como receber a mensagem:


  1. Culpar a nós mesmos

  2. Culpar os outros

  3. Perceber nossos próprios sentimentos e necessidades

  4. Perceber os sentimentos e necessidades escondidos por trás da mensagem negativa da outra pessoa.


Em um mundo onde com frequência somos julgados severamente por identificarmos e revelarmos nossas necessidades, fazer isso pode ser muito assustador, especialmente para as mulheres, que são ensinadas socialmente a ignorar as próprias necessidades para cuidar dos outros.



Passo 4- Pedir aquilo que enriquecerá nossa vida


Quando nossas necessidades não estão sendo atendidas, depois de expressarmos o que estamos observando, sentindo e precisando, fazemos então um pedido específico: que sejam feitas ações que possam satisfazer nossas necessidades.


Mas como podemos fazer isso de modo que os outros estejam mais dispostos a responder compassivamente as nossas necessidades?


Devemos expressar o que estamos pedindo e não o que não estamos pedindo: solicitações negativas frequentemente provocam resistência.


No exemplo acima, em vez de dizer à pessoa que ela não deveria falar mais isso para você, você pode sugerir o que ela pode falar, assim: “ Gostaria que você conseguisse respeitar o fato de que eu estou conseguindo respeitar a minha saciedade”.



Você percebe como todas essas etapas irão exigir mais de você?


Exige que você se conheça mais, para que você consiga se expressar.

Exige que você detecte seus medos e possa trabalhá-los melhor em análise ou terapia.

Que você tenha paciência para passar por esse processo todo sem já sair xingando a pessoa (apesar de que algumas vezes pode ser válido, não? Você é a melhor pessoa para analisar se essa é uma relação que vale a pena ou não).


E que você tenha a coragem e a segurança de se expressar.


Soraya Costa

Nutricionista

CRN 3 20926

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